Dinheiro entra como uma tartaruga e sai como um coelho

Quanto da sua renda você pode gastar sem dor na consciência

6 minutos

por Renato Martins

escrito em 24 agosto 2011

Todas as pessoas que realmente alocam bem os recursos que recebem, possuem um orçamento pessoal ou um método em constante evolução, mesmo que informal, para auxiliá-las a olhar para frente e tomar decisões simples do dia-a-dia do tipo: Trocar de carro hoje ou ano que vem? Colocar esse excedente de dinheiro em ações ou em uma previdência privada? Casar ou comprar uma bicicleta?

A grande sacada de como realizar a gestão das finanças pessoais sem perder tempo e sem exigir uma disciplina maçante de ter que ficar entrando em uma planilha todos os dias é perceber que você não precisa, necessariamente, controlar todas suas transações financeiras, gasto por gasto. Você só precisa entender e analisar sua vida financeira e, então, tomar decisões com base nessas análises.

Para isso, um orçamento mensal cai como uma luva e faz com que você seja muito mais esperto e menos ansioso na hora de tomar suas decisões sobre dinheiro. A filosofia é assim:

Você não controla gasto por gasto sempre, isso é chato! Ao invés de fazer isso, olhe para frente e planeje o seu futuro.

Para começar você tem que lembrar que uma das finalidades do dinheiro é facilitar o escambo, logo, o dinheiro vai entrar no seu bolso vindo de algum lugar e vai sair do seu bolso indo para outro lugar.

Minha experiência pessoal me levou a separar o dinheiro que entra no meu bolso em três grandes categorias e o dinheiro que sai do meu bolso em cinco grandes categorias.

Dinheiro que sai (gastos) versus dinheiro que entra (renda) em orçamento pessoal

Aprofundando no dinheiro que entra no seu bolso…

Renda – Eu trabalhando

Essa renda pode ser seu salário, uma mesada ou algum contrato fixo que você tenha de prestação de serviços. Enfim, entenda como uma renda que você precisa trocar seu trabalho para tê-la.

Renda – Dinheiro trabalhando para mim

No longo prazo, essa será uma das partes mais importantes do seu orçamento. Para que você entenda melhor essa categoria, faça-se a seguinte pergunta: Qual é a sua capacidade de gerar dinheiro se você não estiver trabalhando?

Como exemplo pode-se pensar em recebimento de aluguéis de imóveis, aluguel de equipamentos ou espaço na internet, dividendos e especulação em bolsa de valores, investimentos em renda fixa (tesouro direto, poupança), recebimento de juros, abrir o próprio negócio e várias outras opções.

Renda atípica

Aqui temos aquela renda incomum dentro do mês. É quando você vende algum bem, recebe restituição do imposto de renda, 13º salário e por aí vai.

Agora passando para o lado de lá do orçamento, o lado de quem tira o dinheiro do seu bolso.

Impostos e descontos na fonte

Aqui você trabalha para enriquecer o governo. A maioria das pessoas que fazem algum tipo de controle ou orçamento já consideram a renda líquida para começar a analisar o seu dinheiro, mas é fundamental entender o quanto você está entregando para o governo. Primeiro, por uma questão de consciência enquanto cidadão. Segundo, para você pensar em como otimizar as formas de fazer dinheiro. Por exemplo: um salário pode não ser a melhor fonte de renda e, sim, começar a investir em uma renda oriunda de aluguel.

Gastos previstos

Nessa macro-categoria são colocados itens genéricos que representam os gastos que vão ser monitorados ao longo do mês. Por exemplo: Lazer, Transporte, Saúde & Higiene, entre outros. Onde cada item dessa categoria funciona como uma estimativa (ou meta limite) para gastos.

Ex: Esse mês eu vou gastar no máximo R$ 450,00 com Lazer. O que implica gastar no máximo R$ 90,00 por semana.

É bom lembrar que aqui você trabalha para enriquecer um monte de gente: os bares e restaurantes que você frequenta, os postos de combustível, as lojas de roupa, de eletrônicos, etc. É para lá que seu suado dinheiro vai.

Gastos comprometidos

Aqui são aqueles gastos fixos no mês. As mensalidades de academia, estudos, contas de telefone, água, luz e daí em diante. Ou seja, você trabalha para enriquecer as empresas de telefonia, de água, luz, etc.

Além disso, também há três gastos comprometidos que merecem especial atenção: a fatura do cartão de crédito do mês anterior, gastos anuais e a reserva emergencial. Um post só para eles virá em breve!

Gastos atípicos

Esses são aqueles gastos que você não esperava no mês. Um presente de aniversário mais caro para um amigo/esposa/namorada, o carro que estragou, a excursão surpresa da filha, uma viagem de última hora e assim podemos ir lembrando até amanhã desses gastos.

Acontece que a maioria desses gastos, embora pareçam atípicos e assustadores, não são tão atípicos assim. A maioria deles são previsíveis e passam despercebidos por sua frequência não ser mensal.

No começo é possível que você tenha muitos gastos atípicos, mas a sua missão é descobrir por que eles aconteceram, qual frequência eles ocorrem e fazer com que você tenha cada vez menos gastos nessa macro-categoria.

Investimentos

Finalmente a parte mais interessante. A parte que vai te motivar a seguir com o orçamento. É a categoria que você trabalha para enriquecer você!

O foco aqui não é o dinheiro, e sim, desenvolver a sua inteligência financeira. Essa inteligência é único ativo que realmente importa.

Uma boa pedida é trabalhar o seu orçamento para alcançar a estratégia dos três 8%. Tente pegar 8% de tudo que entra no seu orçamento e faça aportes mensais em investimentos de longo prazo. Pegue mais 8% e coloque em investimentos de curto prazo. Por fim, pegue uma terceira fatia de 8% e pense na possibilidade de colocar em seguros e medidas de contingência – um plano B se algo não sair bem.

No final desses três 8%, você mordeu 24% da sua renda total para enriquecer você. Pode até doer no começo, mas os frutos colhidos são fantásticos. E além disso, lembre-se que os outros 76% você pode gastar sem dó! Pense. 76% para gastar sem dor na consciência. Dá até uma sensação de liberdade maior, não é? E olha só como você domina o assunto orçamentos agora.

É claro que esses números e percentuais são uma diretriz, e não uma regra. A mensagem que fica é que no seu orçamento não importa o quanto você ganha ou o quanto você gasta, mas sim o quanto você conservou e por quantas gerações.

Para mais dicas, siga-nos no Twitter: @goldmapNews

Autor

Renato Martins

Renato Martins é cofundador do goldmap e um eterno estudante do tema "finanças pessoais". Ele é formado em Sistemas de Informação pela PUC Minas e em Administração pela ETFG. Busca escrever no blog do goldmap principalmente sobre como gerenciar as finanças pessoais de forma saudável e eficiente.

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