INSS – Uma sigla para Isso Nunca Será Suficiente (Parte 1/2)

INSS – Uma sigla para Isso Nunca Será Suficiente (Parte 1/2)

5 minutos

por Renato Martins

escrito em 26 outubro 2011

Quando eu tinha 17 anos um professor de planejamento estratégico começou a falar comigo sobre planejamento de vida e planejamento financeiro. Ele jogou uma semente sobre como lidar com dinheiro para a turma de formandos de uma escola técnica de administração onde muitos ainda nem sequer tinham recebido seu primeiro salário.

O primeiro questionamento foi: Até qual idade vocês acreditam que conseguirão trabalhar? E até qual idade vocês acreditam que vão viver?

Eu já trabalhava nessa época. Era estagiário do departamento financeiro em uma empresa de locação de equipamentos para mineração. Ganhava R$ 180,00 por mês para trabalhar 4 horas por dia de segunda à sexta.

Eu não tinha muito com o quê gastar o dinheiro na época. Isso pode ter sido um fator de sorte ou não, mas fato foi que comecei a colocar em prática o plano aprendido com esse professor. Era mais ou menos assim:

Cálculo mensal para investimentos Terceira Idade

Ele previa que você tinha acumular riqueza para se aposentar e para isso acreditava ser necessário guardar 24% de sua renda e fingir que ela não existe. É como se fosse um desconto direto no contra-cheque ou um imposto retido na fonte.

Desses 24% ele dividiu em 3 cestas. É o que eu chamo hoje de “estratégia dos 3×8%”. Sendo as três cestas o seguinte:

  1. Curto Prazo (CP). Ex: Imóveis p/ locação, títulos.
  2. Longo Prazo (LP). Ex: Ações, Madeira de Lei.
  3. Seguros e Previdência Privada. Ex: Dotal.

Com meu super salário de 180 reais eu tinha R$14,40 para colocar mensalmente em cada uma das cestas.

Ele tinha bons argumentos para cada um dos investimentos, mas um deles particularmente me chamou atenção. O que ele vibrava mesmo ao falar era de seu investimento em plantar madeira de lei para Longo Prazo. Era a aposentadoria dele. Era o sonho de independência financeira. Não era só um sonho, era um objetivo posto em prática que ele falava com muito propriedade e conhecimento de causa.

Junto com um amigo engenheiro agrônomo e um outro amigo advogado especialista em terrenos, ele – que é da área de administração financeira há anos – formou uma sociedade para plantar e vender madeira de lei. Pesquisaram e compraram alguns terrenos à preço de banana no norte de Minas e plantaram mogno.

Plantação de Mogno

Não sei exatamente onde o mogno é empregado, mas lembro de escutar atentamente a explicação dele que essa árvore demora em torno de 30 anos para atingir sua maturidade onde tem seu maior valor de venda. Passado esse tempo, cada hectare vale em torno de 1 milhão de reais. Com 30 hectares de terra para cada um deles e manutenção anual baixíssima (a natureza faz muito bem seu trabalho se você souber o que está fazendo), eu diria que se aposentar com 30 milhões no bolso não é nada mal.

A soma de competências gerou uma sinergia onde a soma de 1 + 1 + 1 ao invés de ser igual 3, era igual a 1 milhão, aliás, 90 milhões. Isso é inteligência financeira. É verificar onde estão as opções.

Tá, legal! Era admirável ver a empolgação do cara ao falar dos seus investimentos. Mas como eu vou comprar um imóvel, investir em ações ou plantar madeira de lei e, ainda, adquirir uma previdência privada com 14 reais por mês!?

Eu não sabia exatamente, mas já tinha um ponto de partida: 3 montantes de 14 reais para acumular mês a mês.

Depois de muito tempo eu tive uma grande sacada: Você precisa necessariamente gostar do quê você está investindo. Caso contrário, você não vai cuidar dos seus investimentos adequadamente. Ações, imóveis, títulos, etc. são só exemplos clichês para você entender a lógica do negócio.

Com meus R$43,20 (3 x 14,40) eu comecei meus investimentos fazendo um mix entre um pequeno negócio de hospedagem de sites e uma pequena poupança que eu encarava como reserva ou seguro.

A hospedagem de site me gerava um fluxo de caixa de R$ 25,00/mês para cada cliente que eu conseguia. E, diferente do meu salário, eu não tinha que trabalhar pelo dinheiro. A internet e os bits trabalhavam para mim e em pouco tempo eu já tinha uma renda maior derivada do meu pequeno negócio do que com meu salário.

O dinheiro acumulado na poupança serviu para entrar em outros investimentos com taxas de rentabilidade melhores num futuro não muito distante.

Eu achei isso na área de Web. Sou apaixonado pelo mundo dos bits e pela internet. Acho incrível a possibilidade uma empresa que não tem nenhum – ou quase nenhum – ativo físico valer bilhões só por um conjunto de bits gravados em um disco rígido. E, além do mais, o risco sempre é diminuído se você gostar daquilo em que está investindo, entendê-lo e conhecer o jogo.

Só para exemplificar, tenho um primo veterinário que adora cavalos. Ele faz muito dinheiro com isso. Já meu professor vibrava com sua plantação de madeira de lei no interior Minas Gerais. Eu sou apaixonado com a Web e sempre vejo lugares no mundo dos bits onde é possível fazer bastante dinheiro.

E você, o que você domina? O que você realmente conhece? Em que área você enxerga oportunidades que só você vê? As grandes oportunidades NÃO são vistas com os olhos. São vistas com a mente.

Depois desse texto, espero de verdade que você não precise nunca do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), porque afinal, com um valor máximo pago ao beneficiário de R$ 3.689,66 e, ainda, considerando que o reajuste do salário mínimo tem sido maior do que o reajuste dos aposentados há anos ocasionando perda no poder de compra, fica claro que INSS é, na verdade, uma sigla para Isso Nunca Será Suficiente.

(Continua…)

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Crédito da foto de capa: cogdogblog via Visualhunt.com / CC BY

Autor

Renato Martins

Renato Martins é cofundador do goldmap e um eterno estudante do tema "finanças pessoais". Ele é formado em Sistemas de Informação pela PUC Minas e em Administração pela ETFG. Busca escrever no blog do goldmap principalmente sobre como gerenciar as finanças pessoais de forma saudável e eficiente.

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