Nota de "1000" reais

Onde investir o dinheiro que está sobrando? 8 passos para começar

7 minutos

por Renato Martins

escrito em 24 novembro 2011

Não estava nos meus planos escrever sobre isso agora, mas essa pergunta tem sido tão recorrente que deixei meus planos para depois.

Bom, se está sobrando dinheiro, já é um ótimo sinal! Isso faz uma diferença gigantesca no seu futuro não muito distante. Se não está sobrando, sem problemas. Vá lendo, que você vai achar um motivo para fazer sobrar. Estou certo disso.

Então, vamos lá. Imagine o Sr. Geraldo que trabalha como operador de martelo hidráulico em uma mineração há 20 anos. O Sr. Geraldo é analfabeto e passou a vida inteira vendendo sua hora de trabalho durante 44 horas semanais em troco de não mais que dois salários mínimos. Pense em quantas oportunidades ele perdeu na vida simplesmente por não entender o que aquele tanto de letras na frente dele diziam e que história elas contavam. Imagine quantas chances ele perdeu de ser promovido a Encarregado de Obra, de mudar de emprego ou, simplesmente, de conseguir ganhar mais onde estava.

Eu não conheço muitos analfabetos como o Sr. Geraldo, mas conheço uma quantidade extremamente grande de analfabetos financeiros. E digo: as consequências desse tipo analfabetismo são exatamente as mesmas.

São pessoas que olham para os números e não fazem à mínima ideia de que história eles contam. Que passam a vida inteira trabalhando para alguém sem perceber que seu chefe é, na verdade, seu “cliente” e que sua hora de trabalho é o “produto” que ofertam ao mercado.

Não entendem porque as contas nem sempre fecham no final do mês ou o porquê de não conseguir comprar quantos sapatos novos gostaria ou de não conseguir trocar de carro 0Km mais vezes ao longo da vida.

Sapatos novos e carro novo: Onde investir para realizar desejos de consumo?

Então tá, vamos ao assunto. Investir: Por onde começar…

1º passo: Não seja um analfabeto financeiro

Permaneça no seu emprego, mas comece a comprar ativos reais, não passivos ou objetos pessoais que não tem valor real depois que você leva para dentro de casa.

Um ativo é qualquer coisa que você compra e esse continua colocando dinheiro no seu bolso de alguma forma. Ações, títulos, imóveis que geram renda, uma ferramenta de trabalho, etc.

Passivo é tudo que você compra e continua tirando dinheiro do seu bolso. Ex: Um carro, uma casa, um telefone celular, um banco com taxas mais altas e por aí vai.

Não enxergue só os números. Comece a entender que história eles contam.

2º passo: Inverta a lógica de como você pensa no seu orçamento mensal

Geralmente, as pessoas começam dizendo aquela regrazinha básica e chata do “gaste menos do que você ganha”. Eu prefiro inverter essa lógica com algo do tipo “ganhe mais do que você gasta”. Embora pareça ser a mesma coisa, não é. Leia com atenção.

A primeira forma te limita e te trava (é a lógica do “corte o cafezinho, corte o almoço, corte sua vida”). A segunda forma te faz pensar, te empurra para frente e, normalmente, vem a pergunta: quanto eu teria que ganhar mensalmente para cobrir os gastos que eu quero ter? Pronto. Você já tem uma meta a ser atingida.

Mas seja realista. Um passo de cada vez. Se não sua meta não vai fazer sentido.

3º passo: Pense em percentuais e não em valores absolutos

Eu já contei aqui no blog como eu comecei a investir com 14 reais por mês. Parece pouco, e é! Mas uma coisa que eu percebi desde o começo é que o valor não interessa. O que interessa são os percentuais.

Quando eu já tinha R$ 400,00 juntados eu os apliquei em ações de uma construtora chamada Rossi Residencial (RSID3). Fazendo algumas compras e vendas das ações eu ganhei 8% em uma semana. Para um iniciante, isso é formidável.

8% x R$ 400 = 32 reais.

32 reais não são nada, mas 8% em uma semana é mais do que a poupança dá no ano!!! Para os bem desinformados, a poupança rende em média 6% ao ano (ou 0,5% ao mês), quer dizer… rendia. Entenda como funciona a nova poupança.

Então, concentre-se no poder dos percentuais e não nos valores.

4º passo: Pague a si mesmo primeiro

Esse é um comportamento simples que faz toda a diferença na sua vida. Normalmente, as pessoas pagam os outros primeiro. As contas de luz, telefone, água, as mensalidades de academia, escola, conserto do carro, etc, etc. E no final do mês, logicamente, não sobra nada.

“Pague a si mesmo primeiro.”
George Classen, em seu livro O homem mais rico da Babilônia.

Não tem jeito de se pagar primeiro? Leia o livro acima. Tem jeito.

5º passo: Entenda que seu patrimônio não é sua casa e seu carro

Entenda que seu patrimônio precisa, necessariamente, trabalhar para você! É exatamente isso que você leu. Os R$30.000 que seu carro custou geram quanto de renda mensal para você?

Daí você responde: “Oi?? Renda? Ele gera é gasto mensal”.

Pois é, esse mesmo valor investido em uma aplicação com rentabilidade líquida de 1% a.m. poderia incrementar sua renda mensal em R$ 300, valor que talvez, pagasse a prestação de outro veículo mais barato.

Quem estaria pagando o carro não seria o seu suado salário e sim o seu patrimônio trabalhando para você. Repita comigo: Patrimônio compra supérfluos, salário não é para comprar supérfluos.

6º passo: Aprenda uma fórmula de cada vez

Eu comecei com a poupança. Pulei para a Bolsa de Valores. Assim que entendi e fiz algum dinheiro com ações, fui para os Derivativos. Depois conheci o Tesouro Direto. Fui lá aprendi, experimentei e por aí vai.

O que eu quero dizer é para se concentrar em uma fórmula até aprender, depois vá para outra. Não existe uma ordem certa. A ordem que eu segui é só uma ordem aleatória em que eu fui apresentado aos investimentos.

7º passo: Erre

Não conheço ninguém que obteve sucesso financeiro sem errar algumas vezes ou mesmo várias vezes. Mas conheço várias pessoas que estão estagnadas no mesmo lugar há anos e nunca perderam nem pratinha de 1 centavo.

8º passo: Qual tipo de ativo comprar?

Chegando ao oitavo e último passo. Por onde, afinal, eu começo??? Você já viu que não é optando entre Bolsa de Valores, Tesouro Direto ou Poupança. Você começa do passo 1 lá encima, mas para encerrar vêm algumas sugestões de ativos reais.

A lista que passo abaixo eu li no livro Pai Rico Pai Pobre há alguns anos e a tenho como um norte até hoje. São ativos que já investi ou que me interessam muito ao ponto de estudá-los. Segue a lista reproduzida na íntegra:

  1. Negócios que não exigem minha presença. Sou o dono deles, mas eles são administrados por outras pessoas. Se eu tiver que trabalhar neles, não é um negócio. Torna-se uma profissão.
  2. Ações.
  3. Derivativos.
  4. Títulos (Tesouro Direto entra aqui).
  5. Fundos mútuos.
  6. Imóveis que geram renda.
  7. Royalties de propriedade intelectual como música, escritos e patentes.

Mas ainda existe uma infinidade de outros ativos que vai do gosto de cada um, mas o mais importante é ter a noção do que é um bom ativo que, como complementa o autor da lista acima, Robert Kiyosaki, “normalmente é algo que tenha valor, que gere renda ou se valorize e tenha um mercado líquido”.

 

Antes de encerrar, uma nota sobre risco. Risco sempre há (até mesmo na poupança), de modo que é necessário aprender a administrá-lo ao invés de evitá-lo. No mais, bons investimentos para você!

E você, tem alguma outra dica? Concorda ou discorda de algum ponto? Compartilhe suas ideias nos comentários. Quem já começou a investir há mais tempo também está mais do que convidado a compartilhar seu ponto de vista.

Para mais dicas, siga-nos no twitter: @goldmapNews

Autor

Renato Martins

Renato Martins é cofundador do goldmap e um eterno estudante do tema "finanças pessoais". Ele é formado em Sistemas de Informação pela PUC Minas e em Administração pela ETFG. Busca escrever no blog do goldmap principalmente sobre como gerenciar as finanças pessoais de forma saudável e eficiente.

Outros artigos que você pode gostar...

18 comentários