Chegamos ao 9º artigo da série como fazer um orçamento doméstico matador. Estamos quase lá! O artigo de hoje ilustra como transformar gastos atípicos em gastos previsíveis e controláveis. E para cercar mais esse ponto de falha do seu controle financeiro, vamos ver como fazer isso acompanhando as recentes descobertas que Thiago fez ao construir o seu primeiro orçamento pessoal.
O Thiago começou recentemente mais uma tentativa de controlar as finanças. Ele sempre pegou o dinheiro que tinha logo após receber o salário, fazia algumas contas de cabeça e estimava como poderia utilizar o dinheiro ao longo mês, depois ele tentava acompanhar isso anotando todos os gastos.
Puxando pela memória ele lembrou que, mesmo anotando tudo, uma das coisas que sempre fazia seu controle financeiro pessoal falhar era ser pego de surpresa por alguns gastos inesperados.
De posse dessas memórias, ele parou e começou a pensar no que ele poderia fazer para evitar ser pego de surpresa por esses gastos. Depois de algum tempo, ele viu que apenas controlando as despesas estaria novamente a mercê dos ventos e de onde eles o levariam. Ele agora sabia que para ser diferente era ele quem tinha que estar no comando.
Thiago estava determinado, cheio de planos e grandes objetivos traçados. Ele não queria de jeito nenhum que seus esforços falhassem novamente. Os caminhos tomados anteriormente estavam definitivamente descartados.
Thiago sabia que tanto para evitar surpresas quanto para alcançar seus objetivos ele precisava gastar melhor o seu dinheiro. Foi a partir daí que ele se planejou e fez o seu primeiro orçamento e, assim, passou ele mesmo a ditar os rumos de sua vida financeira.
Já no seu primeiro orçamento ele aprendeu muito sobre seus hábitos de consumo e o simples ato de passar os gastos da cabeça para o papel já serviu para que ele evitasse muitas surpresas. Não foram todas, isso porque no primeiro orçamento Thiago deixou de colocar alguns itens e só foi tomar conhecimento deles no momento em que eles realmente aconteceram.
Mesmo assim Thiago não deixou se abater, ele já estava vendo uma boa melhora nas finanças e sabia que estava no caminho certo. Com calma ele observou bem os gastos que apareceram e viu que poderia fazer deles uma importante fonte de aprendizado, melhorando seu orçamento para ficar cada vez mais próximo de alcançar seus objetivos.
Então, no seu orçamento mensal, além do bloquinho de gastos do dia a dia e gastos comprometidos, ele criou também um espaço para concentrar o que ele chamou de gastos atípicos. Feito isso, sempre que aparecia um gasto diferente ele colocava em prática um método que ele bolou após observar algumas peculiaridades do gasto.
Thiago percebeu que muitos dos gastos que ele havia esquecido – e não estavam planejados – fugiram aos seus olhos, basicamente, por sua frequência não ser mensal.
Ele viu nisso um dos principais motivos de ter esquecido deles, mas não o único.
Veja só o que o Thiago faz quando se depara com um gasto atípico
A primeira coisa é tentar identificar a frequência do gasto. Se o gasto se repetir anualmente, por exemplo, ai ficou fácil! A esses gastos que acontecem uma vez por ano ele deu o nome de gastos atípicos de grau 1. São os mais fáceis de identificar, mas que por um pequeno descuido passaram batido.
Alguns exemplos desses gastos que apareceram no orçamento do Thiago foram: IPTU, IPVA, o presente do aniversário de casamento e a viagem de verão.
O Thiago também achou alguns outros gastos em que ele conseguia identificar uma freqüência, porém eles aconteciam em intervalos mais difíceis de incorporar ao orçamento. Eram gastos bimestrais, semestrais e até quinzenais. Para esses, Thiago deu o nome de gastos atípicos de nível 2. Eles fazem com os seus gastos sejam diferentes de um mês para o outro e requerem um certo cuidado para evitar um furo no caixa.
A medida que Thiago ia evoluindo seu método, ele foi realmente ficando bom nisso e descobriu que alguns gastos dependiam de uma variável extra para determinar a frequência em que iam acontecer: o tempo de uso!
O momento eureka aconteceu ao observar os pneus do carro. Ele viu que já estavam com meia vida e sabia que cedo ou tarde teria que fazer a troca. Para ter certeza que a chegada desse momento não viesse a atrapalhar seu orçamento ele já queria se planejar desde já.
Como ele tinha comprado o carro zero, conseguiu fazer as contas de maneira bem simples: ele já estava com o carro há 14 meses, os pneus estavam a meia vida e sua rotina com o carro não mudaria nos próximos meses, então, estimou que a troca deveria ser feita nos próximos 12 ou 14 meses.
Logo depois desse momento Thiago entrou em casa e rapidamente passou por todos os cômodos observando o estado de conservação de todos os seus bens de consumo. Ele viu que quase tudo estava em um bom estado de conservação, porém alguns objetos chamaram a atenção de Thiago…
O microondas já mostrava os sinais dos 9 anos de uso. A geladeira era ainda mais antiga e já beirava os 12 anos. Depois dessa vistoria Thiago tinha certeza que ambos estavam próximos de estragar e precisariam ser substituídos. Thiago correu para o seu orçamento afim de traçar os cenários e ver as possibilidades para fazer a troca quando elas de fato forem necessárias. E, com tranquilidade, ele conseguiu traçar um plano para quando o momento chegasse.
Para esse tipo de gasto aparentemente atípico que dependem da variável “tempo de uso”, Thiago deu o nome de gastos atípicos de grau 3. São mais difíceis de serem achados, mas com um pouco de observação não são assim tão complicados.
Pouco tempo depois de ter finalizado o plano para a substituição da geladeira e o antigo microondas, o que estragou mesmo foi o que ele não esperava: a TV de pouco mais de 2 anos.
Foi aí que Thiago descobriu os gastos atípicos de grau 4: os gastos em que não há freqüência certa para ocorrer e, portanto, não conseguia se antecipar. Para piorar ainda mais a situação, no dia que ele descobriu que o conserto da TV ficava praticamente no preço de comprar uma nova, ele foi notificado pelo correio sobre uma multa de trânsito por excesso de velocidade: mais um gasto atípico e indesejado que ele não tinha como prever.
A solução que Thiago encontrou foi recorrer a sua reserva financeira de emergência criada para que em eventualidades como essas ele não precisasse recorrer a empréstimos ou cheque especial.
E essa foi a experiência de como o Thiago domou as surpresas do seu orçamento e as transformou em gastos previsíveis e controláveis.
E você? Acha que consegue aplicar esses aprendizados do Thiago no seu orçamento? Já passou o olho pela casa e reparou se tem algo que já é possível prever que está por estragar? Teria mais uma dica para Thiago e seu método? Então, deixe seu comentário logo ali embaixo no final do post.
A nossa série está quase no final. Para fechar o último bloquinho do orçamento matador, vamos à parte mais importante para o médio e longo prazo da sua vida financeira com o artigo: O que é acumulação de capital e as 3 estratégias mais usadas.
E por falar na série, você já a leu toda? Se não, corre lá. Se sim, conte para gente o que achou dela até agora!